16 de julho de 2011

PLANO DE AULA

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Curso de Licenciatura em Artes Visuais – REGESD

Disciplina: Planejamento Educacional em Artes Visuais

Professora: Andrea Hofstaetter

Acadêmica: Claudia Tedesco da Rocha

Pólo: São Leopoldo

CONHECENDO O MUNDO COM OLHOS

EM LYGIA CLARK

Plano de Aula

Local: Escola Estadual de Ensino Fundamental Olaria Daudt

Série: 5ª

Turma: 51

Período: 8 aulas de 55 minutos.

Número de alunos: 20

Justificativa

Em virtude dos alunos estarem habituados a aulas de artes voltadas para técnicas de pintura com lápis de cor e o uso da régua, sem terem a liberdade de experimentarem outras formas de arte com prazer.
O projeto justifica-se por proporcionar aos alunos conhecer uma artista e poderem experimentar outras técnicas como a tridimensionalidade, cor, forma, dobres e desdobres, proporcionando um trabalho diferente, lúdico e com a troca de experiências e experimentos com materiais diversificados.

Objetivos

Reconhecer a arte como meio de expressão e comunicação,
Entender arte e cultura como meios de desenvolvimento intelectual e social.
Despertar o interesse e a vontade nos alunos em conhecer as obras da artista Lygia Clark.
Reconhecer o abstracionismo geométrico através da leitura do livro As três partes do autor Edson Luiz Kozminski
Estimular o estudo da arte contemporânea através do conhecimento sobre a artista e suas obras.
Desenvolver através das atividades a criatividade, observação, percepção e sensibilidade dos alunos.
Apreciar e analisar as produções realizadas em aula, respeitando os procedimentos e soluções encontradas pelos alunos.
Desencadear o processo criativo através de atividades com diversos materiais.
Constituir relações com imagens artísticas, valorizando formas e cores.
Desenvolver habilidades manuais de recorte e colagem.
Oportunizar o momento de organização para exporem suas produções.

Desenvolvimento

Aula 1 – 16 de junho
Foi lido para os alunos o livro As três partes do autor Edson Luiz Kozminski que conta a história de uma casa que se dividiu em três partes e começou a transformar-se em outros objetos com o objetivo de serem felizes.
Após comentarmos as possibilidades de criação artística através de dois triângulos e um trapézio, foi proposto aos alunos que realizassem uma criação utilizando as figuras geométricas do livro.
Foi exposto aos alunos que muitos artistas realizam suas obras com figuras geométricas e que estes trabalhos são conhecidos como abstracionismo geométrico.
Cada aluno escolheu uma folha de revista para recortar as figuras geométricas e realizar a sua produção.
Aula 2 – Dia 21 de junho
Na segunda aula foi retomado com os alunos a questão abstrata da arte e o abstracionismo geométrico e relembrando a leitura do livro da aula anterior.
Foram apresentadas as seguintes imagens impressas para apreciação:
Uma pintura abstrata pode ser definida como aquela cujas formas e cores não possuem relação direta com as formas e cores das imagens da realidade visual, em outras palavras, nada representam nada descrevem ou narram figurativamente. Nada representar da realidade visual é a condição fundamental da pintura abstrata, porque certos pintores abstratos partem, algumas vezes, das formas visuais da realidade para chegar a formas e cores, visualmente inexistentes e, portanto, abstratas.
Os historiadores e críticos da arte moderna concordam em atribuir as primeiras pesquisas e realizações abstratas na pintura moderna ao russo Vassily Kandinsky (1866-1944), anteriormente figurativo de tendência fauvista. Para que se possa conversar melhor sobre abstracionismo nas artes plásticas, em geral, e na pintura, em particular, será preciso esclarecer bem a significação de dois termos bastante usados pelos escritores e críticos de arte moderna -
A proposta é que realizassem em grupo uma criação abstrata geométrica utilizando cartolina e revista.
Aula 3 – Dia 28 de junho
Foram apresentados aos alunos os seguintes vídeos sobre a vida e obra da artista Lygia Clark.
Um pouco da biografia de Lygia Clark
Pintora, escultora, auto-intitulou-se não-artista. Nasceu em Belo Horizonte. Inicia-se na arte no Rio de Janeiro, sob orientação de Burle Marx. Em 1952, viaja a Paris e lá estuda com Léger, Dobrinsky e Arpad Szenes. Expõe no Institut Endoplastique, Paris, e no Ministério de Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Em 1954 integra o Grupo Frente. De 1954 a 58 desenvolve uma pintura de extração construtivista, restrita ao uso do branco e preto em tinta industrial. No ano de 1957, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Ministério de Educação e Cultura no Rio de Janeiro. Em 1959, assina o Manifesto Neoconcreto. Desdobra gradualmente o plano em articulações tridimensionais, Casulos e Trepantes, onde vai se insinuando a participação do espectador. Participa da Exposição Neoconcreta no MAM - Rio. Em 1960, cria os Bichos, estruturas móveis de placas de metal que convidam à manipulação e a Obra-mole, pedaços de borracha laminada enrelaçados. A partir de meados da década de 60, prefere a poética do corpo apresentando proposições sensoriais e enfatizando a efemeridade do ato como única realidade existencial. De 1970 a 75 reside em Paris. Como professora na Sorbonne propõe exercícios de sensibilização, buscando a expressão gestual de conteúdos reprimidos e a liberação da imaginação criativa. No período de 1978a 85 usa Objetos Relacionais com fins terapêuticos. Falece no Rio de Janeiro, em 1988. Tem obras expostas na Bienal Brasil Século XX. Em 1996 tem obras na exposição Tendências Construtivas no Acervo do MAC - USP. Participou da II, III, V, VI (Prêmio de Escultura Nacional) e VII Bienais Internacionais de SP.
Fonte: Aguilar, Nelson (org.).
Catálogo Bienal Brasil Século XX. SP,
Fundação Bienal, 1994.
Em seguida ocorreu uma conversa, onde os seguintes questionamentos foram feitos:
O que atraiu sua atenção?
Quais materiais foram empregados nas obras?
Os objetos apresentados lembram o que?
Aula 4 – Dia 30 de junho
Nesta aula os alunos foram instigados a criarem seus bichos com guardanapos de papel coloridos após a conversa sobre os Casulos.
Os casulos não são pinturas, nem esculturas, realizadas com placas de metal ou madeira, dobradas e coladas uma sobre a outra e dos casulos nasceram os bichos. E com o tempo apareceram os trepantes que eram bichos sem dobraduras.
Aula 5 – 05 de julho
Nesta aula os alunos foram instigados a mudarem o suporte para seus bichos, foram desafiados a utilizarem papelão e papel gesado.
Aula 6 - 07 de julho
Nesta aula os alunos foram apresentados as obras Moles de borracha que abraçam e enrolam-se nos braços. Estas obras levaram a artista a produzir obras relacionadas ao tato e ao contato com o corpo. Eles foram instigados a produzir uma caixa que estimule e aguce a utilização dos sentidos.
Aula 7 – Dia 12 de julho
Organização dos objetos confeccionados para a exposição.

Culminância

Dia 14 de julho
A exposição foi realizada na sala de aula, montada pelos alunos.
Os alunos da escola foram convidados a visitar e de olhos vendados podiam sentir as texturas e os cheiros
As caixas apresentavam cheiros de perfume, café, erva hortelã e bergamota
Apresentavam barulhos oriundos de feijão, pedras, tampas de garrafa, sagu e botões
Continham texturas de tampas de garrafa, erva, café, sagu, lixa, folhas e argila.

Avaliação

Ao longo das aulas, muitas idéias surgiram, em relação aos trabalhos e muitos questionamentos sobre a obra e a vida da artista, gostaram muito de assistir aos vídeos.
Foi notório durante todo o processo o crescimento e o entendimento dos alunos, as aulas aconteceram de maneira proveitosa e com a participação de todos.
Mostraram um entendimento quanto às possibilidades que a disciplina oferece, questionando a diferença entre a aula do professor titular, comentaram que não gostariam de retornar ao antigo modo das aulas em que só pintam e desenham com o uso da régua.
Demonstraram ter evoluído o olhar, as observações, e sensibilidades quando comentavam e palpitavam em seus trabalhos e no dos colegas.
A avaliação foi realizada de forma contínua e sempre ao final das aulas com a participação dos alunos de maneira construtiva.

Observação

Os vídeos foram salvos do you tube e apresentados na sala de vídeo, pois a escola não possui internet.
Não foram realizadas pesquisas, pois a comunidade escolar é carente e poucos alunos possuem computador em casa e mesmo assim sem conexão com a internet.
A biblioteca da escola não possui livros sobre o assunto e também não existe a presença de bibliotecária na escola.
Por ser uma comunidade carente de recursos financeiros os materiais utilizados foram de baixo custo.

Relato

Considerei a experiência importante e gratificante por ter contribuído com a abertura de um novo horizonte para os alunos, que não conheciam nenhum artista e nem tinham a idéia do quanto é importante conhecer para entender.
Foi especialmente gratificante vê-los empolgados e participativos na exposição, explicando e mostrando aos colegas o que aprenderam e principalmente o que eles haviam produzido.
Foi admirável a participação durante as aulas para a realização das atividades e a expectativa em que aguardavam a próxima aula para que mais uma proposta fosse realizada.
O tempo de convivência foi especialmente de crescimento para mim, com planejamento adequado e o envolvimento com turma.
conteúdo e forma.