18 de agosto de 2012

HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


   Período: 1920-1937
   Nesta época a lei era de uma educação gratuita e laica, pautada na justiça, igualdade e distribuição de renda na visão do socialismo e na visão anarquista trazida por imigrantes compreendia que o analfabetismo era um problema grave, mas defendiam uma escola sem intervenção do Estado ou da Igreja. Já a escola nova reivindicava uma única educação básica normal. Cabe ressaltar que a lei ficou no papel e nada foi feito para resolver o problema educacional da época.
   A semana de Arte Moderna que ocorreu em 1922 queria romper com os padrões europeus tendo como autores: Oswald e Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Villa-Lobos, Anita Mafalti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Vicente do Rego e Tarsila do Amaral mesmo não estando presente. A semana tinha como objetivo propor a Arte Moderna e valorização da cultura brasileira.
   Com a revolução de 1930, Getúlio Vargas assume o poder e a constituição de 1934 volta a garantir gratuidade do ensino primário e a obrigatoriedade ao ensino do 1° grau, direito a educação, liberdade de ensino ministrada pelos poderes públicos e pela família instituiu o ensino secundário gratuito e difusão do ensino público principalmente técnico-profissional, mas que também muito pouco saiu do papel. E a elite intelectual do país reivindica novas reformas pedagógicas e políticas que não foram contempladas na Constituição. Os educadores católicos conseguem implantar nos currículos escolares o ensino religioso. A constituição foi um grande retrocesso.
   Francisco Campos neste período realiza os seguintes Decretos: que cria Conselho Nacional de Educação, Regulamentação do Ensino Superior, Organização da Universidade do Rio de Janeiro, organizou o ensino secundário e comercial e a regulamentação sobre o ensino secundário. E Washington Pires dedicou-se as reformas do ensino secundário e superior destinados à elite da sociedade.

   Período: 1937-1945
   O então presidente Getúlio Vargas agora ditador apresentava aos seus ministros a nova constituição de 1937, centralizando todo o poder em suas mãos. Surge à censura nas manifestações intelectuais e à imprensa ocorrem modificações nas leis trabalhistas. O direito de todos à educação deixa de existir e a ênfase é dada as escolas particulares. A dualidade do ensino mostra-se presente ao se instituírem escolas particulares de ensino secundário para a elite e de profissionalizante para as camadas mais baixas da sociedade. Nesta época os abismos sociais e os movimentos populares alertam para um fenômeno da era capitalista e a desumanização do humano.
   Gustavo Capanema teve grandes contribuições para educação: em 1942 estruturou o ensino secundário e o ensino industrial; em 1943 reformou o ensino comercial; em 1946 o ensino normal primário e agrícola; cria o Instituto Nacional Estudos pedagógicos (INEP); Serviço Nacional Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Neste período surge também a figura do Orientador Educacional com a finalidade de garantir a ordem e a disciplina na escola.
   Com a reforma de Capanema surgem as escolas regionais e os institutos de educação. O curso normal antes destinados aos homens passam a serem destinado as mulheres. Tal fato se deve ao interesse da classe dominante investir valores menores aos salários dos professores.  O ensino primário e normal começa a receber atenção e contribuem para a queda do analfabetismo. O ensino secundário passou a ter três objetivos formar a personalidade integral do adolescente, acentuar e elevar a consciência patriótica e a consciência humanitária da preparação intelectual geral para estudos educativos. O governo propôs a criação de escolas técnicas agrícolas com o objetivo de fixar os filhos dos colonos ao trabalho rural.

   Período: 1945-1964
   Vargas começou a reorganizar as medidas democráticas para aproximação com a camada popular com interesse de permanecer no poder inicia a reabertura política concedendo eleições, anistias, liberdade de imprensa e a legalização dos partidos políticos. Na década de 50 e 60 começou o incentivo para que o povo participasse da cultura e da política. Nesse tempo a cultura popular traz grandes contribuições como a Bossa Nova, o Cinema novo e a conquista da Copa do Mundo de Futebol.
    A educação recuperou o princípio: “educação é um direito de todos” que havia sido abolido na constituição Ditatorial. Em 1959 o manifesto dos educadores não se preocupou com as questões didáticas e pedagógicas, mas deu ênfase as questões políticas, favorável ao ensino público e privado, mas que as verbas fossem dirigidas para as escolas públicas. A campanha de defesa da escola pública se volta para regiões interioranas do Brasil.
   São criados movimentos de educação destinados à alfabetização de adultos. A obra de Paulo Freire desenvolve uma pedagogia libertadora e conscientizadora voltada para os excluídos, partindo do princípio que a educação é um ato político que inova por pensar numa educação voltada para a construção do conhecimento na sua origem.

   PERÍODO: 1964-1985
   Neste período de ditadura militar de 1964 a 1985 reflete os problemas provocados pelo autoritarismo provocado em todos os setores da sociedade. Volta à censura em todos os setores da sociedade. A pobreza e a miserabilidade alta nas áreas urbanas surgem sérios problemas sociais. Também ocorrem torturas, mortes, desaparecimentos e “suicídios praticados contra quem ousasse fazer oposição ao governo”.
   Em 1969 a ditadura coloca como subversivas as organizações como a UNE (união nacional de estudantes), ficando proibidos qualquer manifestação política de estudantes, professores e funcionários.
   Não existem projetos de educação o modelo continua assistencialista e excludente.
   É criado o MOBRAL (movimento brasileiro de Alfabetização e) a Cruzada ABC (ação básica cristã) a fim de possibilitar o controle político da população analfabeta modelando-os para o trabalho disciplinado e competente para seguir as ordens técnicas, apagando da história as ideias de Paulo Freire que foi considerado subversivo e foi exilado do país.
   O modelo tecnicista visa adequar a escola para as necessidades da sociedade industrial e tecnológica. O objetivo da educação racionalista passa a ser organização, planejamento, objetividade, produtividade e eficiência. O aluno passa a ser expectador que realiza somente as tarefas solicitadas e aprende a dar as respostas decoradas e de acordo com objetivos pré-estabelecidos. A educação visa somente à produção de mão-de-obra não pensante, quer a segurança formando cidadãos conscientes do civismo através das disciplinas de Educação Moral e Cívica e OSPB (organização social política brasileira), e comunidades visando criar conselhos que sirvam a empresários e mestres.
   É criado o vestibular classificatório. O critério deixa de ser a nota e passa a ser o número de candidatos relativos às vagas disponíveis. Unifica os vestibulares e aglutina faculdades a fim de reduzir gastos e conseguir maior eficiência e produtividade. As universidades perdem autonomia, pois os reitores não precisam estar ligados ao corpo da universidade. Nessa época também se institui o sistema de créditos que possibilita a matrícula por disciplina.
   Pela LDBEN 5692/71 é uma reforma utilitária e discriminatória já que não prevê a ascensão social. A reforma do 1° e 2° grau é imposta sem a consulta de professores e alunos, apesar da expansão da obrigatoriedade o número da demanda é muito maior do que os recursos materiais e humanos aumentando o analfabetismo e a evasão escolar e novamente provoca a desigualdade social.

   CONSIDERAÇÕES FINAIS
   É impossível pensar em educação sem pensar em mudanças históricas, sociais e humanas e dentro deste contexto percebe-se que o Brasil pouco evoluiu em todas essas áreas no período relatado acima. Sem priorizar educação fica impossível o desenvolvimento humano que leva ao desenvolvimento social para que assim possam acontecer mudanças positivas históricas.
   Se o professor ensina como aprendeu, é difícil haver mudanças, pois está enraizado nele a evolução não acontece em sala de aula e continua a ditadura de uma maneira mais suave, mas ditadura onde o professor é o detentor do saber e deposita o conhecimento e o aluno repete, decora e memoriza.
   É preciso que o professor mude a postura e veja o aluno não como um banco em que se faz depósitos fragmentados de saber, com a mudança desta prática deixariam de ter a divisão e exclusão social. A escola precisa ser um local onde se aprende pesquisa e dissemina onde se tem direito a vida, esperança, imaginação, luta e indignação; levando professores e alunos a atuarem criticamente no presente e não no futuro distante fora da escola.
   O aluno é o produto da escola, para isso é preciso adequar a escola as necessidades dos alunos, na busca de um sistema educativo capaz de promover a justiça e inclusão social, garantindo o direito do estudante a uma educação de qualidade, mais justa e inclusiva.