18 de agosto de 2012

TERRITORIALIDADE NA ARTE


Claudia Tedesco da Rocha

Resumo: O artigo visa à pesquisa do estudo da arte na escola pode levar os alunos a valorizarem o ambiente em que vivem, estudando obras que remetem a território, retratos e fotografias. O quanto este conhecimento pode desenvolver o senso crítico para que estes se desfaçam de estereótipos e os levem a descobrir a cultura popular de sua comunidade. Tendo como objetivo maior através de experimentações o quanto podem e devem ser os protagonistas de sua própria história e de sua comunidade, em vez de acreditarem que a melhor saída é trabalhar e se sustentar para poderem ir embora.

Palavras-chave: estereótipo, território, cultura popular, protagonismo.

INTRODUÇÃO
O assunto deste artigo tem por objetivo conhecer uma realidade de periferia sem infraestrutura e perceber até onde a arte pode levar os alunos envolvidos a não renegarem sua origem, olhar com outro olhar o território que os circunda, ajudando a desmistificar os estereótipos que os rotula, descobrir na comunidade resquícios da cultura popular e a tornarem-se protagonistas de sua história e de sua comunidade baseando este trabalho nas obras: Retirantes, de 1944. Óleo sobre tela, de Candido Portinari. Operários, de 1933. Óleo sobre tela, de Tarsila do Amaral. Samba, de 1925. Óleo sobre tela, de Emiliano Di Cavalcanti, Samba, de 1956. Óleo sobre tela, de Candido Portinari, Marat (Sebastião), 2008. Fotografia da Série Imagem de lixo, de Vik Muniz. Série “Marcado, 1981-1983, fotografia (políptico), de Cláudia Andujar, Campanha de Vacinação contra pólio em Gof Gudod, região de Baldoa, Somália, 2001”. Fotografia da Série Êxodos, de Sebastião Salgado, Imagem retirada do site Fototeca, fotografia do desfile de carnaval do Rio de Janeiro. Anúncio publicitário de cerveja e Alunos da Associação Escola Indígena Tuyuka Utapinorona (AEITU).
 Figura 1 –Esc. Est. De Ens. Fund Olaria Daudt


DESENVOLVIMENTO
A arte pode proporcionar aos alunos uma sensibilização e melhorar a autoestima, levando em conta que estão inseridos em um bairro de periferia sem infraestrutura de lazer e sem agentes promotores de cultura.
A escola juntamente com a disciplina de arte proporciona a sensibilização e melhora a autoestima quando faz com que os alunos avaliem sua realidade territorial com um olhar diferenciado, criem e aprendem técnicas, conheçam a cultura popular e desmistifiquem os estereótipos dos quais são reféns.
Anamélia Bueno Buoro, no livro: Olhos que pintam, a leitura de imagem e o ensino da arte (2002), destaca a necessidade da educação do olhar. Este olhar deve ser trabalhado para que se torne um olhar atento, que instigue e questione envolvendo todos os sentidos. Este processo é vagaroso e longo, pois busca respostas quanto à materialidade e compreensão do texto visual dentro de seu contexto, não podendo ser considerada uma ilustração do conjunto. Enfatiza a importância de conhecer a historia da arte para a que ocorra a compreensão da obra no contexto em que ocorreu a produção o que possibilita uma educação crítica e uma formação cultural. Ressalta que o professor de arte seja o mediador entre o aluno e a obra, explorando elementos formais que a obra mostra, integrado com o que o aluno vê, articulando com a linguagem que produz o conhecimento, a expressão e a informação.
Os alunos sentem prazer ao realizar experimentações em artes, usam os períodos de artes como momentos de se expressarem e estimularem a criatividade.
cabe à arte-educador proporcionar além do espaço de criação espaços de reflexão e ressignificação que contemplem o estudo da cultura popular brasileira e realizar conexões com as presentes na comunidade.
Realizar inserções no território onde os alunos estão inseridos e ao mesmo tempo percorrer os territórios da arte percebendo o quanto este influenciou ou influencia o artista. A partir disto contextualizar as obras presentes nas pranchas percorrendo caminhos desconhecidos relacionando com a vida simples dos alunos para poder realizar movimentos de descobertas dobrando e desdobrando estas realidades de forma contínua durante todo o percurso.
Desmistificar os estereótipos enraizados na comunidade, de que quase ninguém consegue ir além do ensino fundamental, que frequentar uma universidade não é para eles e que a grande maioria só servirá para trabalhar a construção civil ou como empregada doméstica.
A condição peculiar de desenvolvimento deve ser compreendida em relação às necessidades que advém do processo de maturação física e psicológica a que se encontram submetidos crianças e adolescentes, bem como ao de sua inserção na trama de relações e práticas sociais, através do processo de socialização. (PINHEIRO, 2001, p. 58)
A arte consegue realizar ao longo do tempo com os alunos uma organização mental, e desenvolvendo a capacidade de resolver problemas, acredito assim que ao trabalhar com as obras citadas acima, eles poderão ao longo do tempo tornarem-se protagonistas de sua história e de sua comunidade, podendo então modificar o seu entorno.

CONCLUSÃO
É necessário educar o olhar, para possibilitar diversas formas de leitura seja da arte ou do cotidiano para que o aluno possa compreender e analisar a linguagem visual e assim utilizar a criticidade para mudar o seu entorno.
Estimular o aluno para que ele vive dentro da escola ultrapasse seus muros, ajudando-o a resolver seus problemas, a conhecer culturas e a se utilizar das formas de expressão para conseguir sanar suas dificuldades e necessidades do local onde esta inserido.
O arte-educador precisa estar preparado para explorar o inusitado, disposto a aprender, descobrir novos caminhos e estimular a imaginação e criatividade dos alunos.

REFERÊNCIAS

BUORO, Anamélia Bueno, Olhos que pintam, a leitura de imagem e o ensino da arte. São Paulo; Educ / Fapesp / Cortez, 2002.

PINHEIRO, Ângela Alencar Araripe. A criança e o adolescente no cenário da democratização; representações sociais em disputa. Fortaleza; 2001. Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal do Ceará.